Vivemos uma época fascinante para bons contadores de histórias. Podemos assistir o início da jornada digital, que, assim como a famosa “jornada do herói”, nos confronta a cada momento com novos desafios, novos encontros, novos poderes, capazes de transformar profundamente quem somos, assim como nossas comunidades. Gradativamente, temos observado (e contado) como essas mudanças afetam as relações sociais, a participação política, a produção cultural, a disseminação de informações, o modo de consumo... O que nos aguarda no próximo capítulo? Mais uma guinada. A revolução digital chega ao setor industrial, onde o ganho de produtividade proporcionado por análise de dados, realidade aumentada, impressão 3D, manutenção preditiva, entre outras coisas, determinar novos rumos para a economia, para o mercado de trabalho e para o meio-ambiente nos próximos anos. Trata-se, afinal, de um setor com protagonismo inquestionável.
Quem quiser falar do futuro da indústria, porém, precisa entender muito bem em que ponto da história estamos agora. Podemos começar observando que a digitalização das companhias não é mais uma promessa, e sim realidade. Em todo o planeta, usinas, parques eólicos e companhias aéreas e ferroviárias já se valem da digitalização de ativos e processos para reduzir custos, otimizar recursos e aprimorar questões ligadas à segurança. Como toda boa história precisa de um bom exemplo, aqui vai um: o Porto de Los Angeles (EUA), por onde passam 2 mil navios/ano. Ao passar as operações do modelo analógico para o digital em um dos terminais, graças à criação de um portal em parceria com a GE, o porto conseguiu dar um salto de eficiência que vai de 8% a 12%. Depois desse resultado, o projeto foi ampliado para todo o porto. E esse é só um de muitos casos concretos.
Ao mesmo tempo, é necessário levar em conta outro aspecto muito importante: embora a transformação do setor industrial já esteja em curso, ainda existe uma lacuna significativa entre as oportunidades que a digitalização oferece e aquilo que se observa nas empresas. Esse “digital gap” foi destacado por John Flannery, CEO da GE, na mais recente edição do Minds + Machines, evento anual sobre internet industrial promovido pela companhia. No encontro, realizado em São Francisco, Flannery citou um levantamento feito com líderes do setor industrial. Os dados mostram que, para 85% deles, a transformação digital constitui um elemento absolutamente crítico para o futuro de suas companhias. Porém, apenas 30% consideram que o processo de digitalização vem sendo efetivamente colocado em prática.
O que isso significa para o futuro da indústria? Tanto um risco como uma oportunidade. Superar essa lacuna, segundo Flannery, requer engajar-se em uma jornada formada por uma sucessão de vários passos na direção correta. “Precisamos chegar lá mais rápido do que nunca, porque isso importa para todo o mundo. Não estamos falando sobre mudanças marginais, na borda. Isso diz respeito a melhorias significativas nas indústrias e na vida das pessoas em todo o mundo”, afirmou o CEO da GE.
E essa travessia só será possível mediante um novo tipo de parceria, formando um verdadeiro ecossistema no qual o sucesso de um se traduz em sucesso para os demais. É por isso que a GE instituiu uma nova estratégia digital, com dois pontos chave. Um deles diz respeito a seletividade: a meta é focar fortemente os recursos da companhia em áreas específicas, tais como exploração de petróleo, mineração e transportes. O outro contempla a diversidade: a GE vai atender os mercados adjacentes por meio de parcerias, afirma Flannery. Nessa troca, a companhia oferece ao cliente acesso a uma estratégia completa de integração e gestão digital dos ativos, que permite integrar toda a cadeia e prever e evitar falhas, graças ao monitoramento de atividades centrais. Por trás disso está Predix, plataforma com foco em internet industrial que hoje já dispõe de mais de 200 apps, reúne mais de 960 parceiros e possibilita a gestão de mais de 300 mil ativos. Uma poderosa aliada quando a meta é ganhar produtividade em diversos sentidos, da segurança à otimização de recursos.
Ao longo dessa jornada, o espírito colaborativo, próprio da cultura digital, precisará se unir a outros elementos. A transformação do setor exige, entre outras coisas, investimento na capacitação dos funcionários, assim como uma reformulação na cultura das empresas, para que a diversidade seja cada vez mais valorizada e as mudanças sejam percebidas como algo normal, e não fonte de ansiedade.
Em mundo cada vez mais complexo, o foco da indústria não estará mais na construção de equipamentos, e sim na construção de pontes entre hardware, softwares e pessoas. Disso nascerão inúmeras histórias incríveis que ainda vamos contar juntos!
Fonte: Época Negócios, escrita por Amarilis Lage