Produção da indústria volta a crescer em setembro, diz IBGE


blog-image
Imagem retirada de http://www.ftice.org.br/emprego-na-industria-fecha-2015-em-queda-de-62-a-maior-da-historia/

A indústria brasileira voltou a dar algum sinal positivo em setembro. Na comparação com agosto, a produção do setor subiu 0,5%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado levemente positivo veio depois de duas quedas seguidas. Em agosto, frente a julho, foi registrada baixa de 3,5% e em julho, na comparação com junho, houve retração de 0,1% – os números foram revisados.

Apesar do leve aumento, o IBGE lembra que a indústria ainda está 20,7% abaixo do nível recorde atingido em 2013. "Tem que relativizar o crescimento de 0,5%, porque ele se dá em cima de duas quedas seguidas, e uma delas expressiva", destacou o economista do IBGE André Macedo.

Os resultados foram ligeiramente melhores do que as expectativas de alta de 0,4% na base mensal e de recuo de 5,2% sobre o ano anterior na mediana das projeções em pesquisa da agência Reuters.

 De agosto para setembro, cresceu a produção de itens alimentícios (de -8% para 6,4%), indústrias extrativas (de -1,7% para 2,6%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (de -12% para 4,8%).

Macedo explicou que esses três ramos têm representatividade expressiva na pesquisa, de 35% do setor industrial. "Todas as justificativas à menor intensidade da produção industrial esse ano permanecem, como demanda enfraquecida, mercado de trabalho demissionário, renda menor e preços ainda elevados", afirmou o economista. "Enquanto esses fatores permanecerem, vão provocar essa instabilidade."

Por outro lado, recuaram as produções de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-8,1%), de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-2,7%), de produtos de minerais não-metálicos (-5,0%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-6,2%).

Os destaques positivos em setembro foram as altas de 1,2% de bens intermediários e de 1,9% de bens de consumo duráveis na comparação com agosto. Os ganhos, entretanto, foram insuficientes para recuperar as quedas vistas em agosto de 3,6% e 6,4%, respectivamente.

Por outro lado, bens de capital, uma medida de investimento, apresentaram recuo de 5,1%, a terceira leitura negativa para a categoria.

Dos 28 setores pesquisados pelo IBGE, 9 registraram crescimento.

Queda de 7,8% no ano
Na comparação com setembro do ano passado, as maiores quedas partiram de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-12,5%) e indústrias extrativas (-9,2%).

Em relação a setembro do ano passado, a atividade fabril recuou 4,8%. Ainda que o resultado tenha sido negativo, essa queda é a menor desde junho de 2015. No ano, de janeiro a setembro, a retração acumulada é de 7,8% e, em 12 meses, de 8,8%.

Perspectivas
Em outubro, tanto as avaliações sobre a situação atual quanto sobre as perspectivas pioraram, e o Índice de Confiança da Indústria (ICI) brasileira recuou após alta no mês anterior, de acordo com dados da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Economistas consultados na pesquisa semanal Focus do Banco Central veem contração de 6% da produção industrial este ano, recuperando-se para expansão de 1,11% em 2017. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a expectativa é de retração de 3,30% em 2016 e crescimento de 1,21% em 2017.

Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o quadro não permite comemorações, mas mostra uma moderação da crise industrial. "A queda de 1,1% frente ao segundo trimestre de 2016 interrompeu, na série com ajuste sazonal, uma trajetória de redução das perdas iniciada na virada do ano e que já começava a dar alguma esperança de recuperação", avaliou o Iedi.

Para o analista da Tendências Consultoria Rafael Bacciotti, o recuo no trimestre não foi mais intenso devido à elevação da verificada na indústria extrativa. "De maneira geral, o desempenho da produção no terceiro trimestre influenciará negativamente o PIB do terceiro trimestre", diz. A concultoria revisou sua projeção de PIB para o 3º trimestre de -0,2% para -0,6%.

Horas trabalhadas
Pesquisa também divulgada nesta terça-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que as horas trabalhadas na produção registraram aumento de 1% em setembro, na comparação com agosto. Essa foi a primeira alta do indicador em quatro meses – período no qual as horas trabalhadas recuaram 6,7%.

Fonte: G1, com informações do IBGE